quarta-feira, março 2

"Eis a crítica de seu álbum"

Publico aqui, uma crítica feita pelo jornalista Guilherme Tassoni, autor do blog "Décadas De Som" ao meu segundo álbum, de 2009.Como artista, ter alguem ouvindo seu trabalho e anotando impressões é algo precioso. Como se finalmente o artista pudesse acreditar que está sendo ouvido.
Perdoem-me se eu re-utilizar essa crítica cada vez que comentar alguma das canções do meu álbum - a intenção desse blog sempre foi dividir minha música com vocês.
Vamos ver se consigo voltar a essa proposta!
:-)


01 Névoa e Sombra

Uma música completa e complexa, que narra o quão perplexa pode ser a nossa vida. As dúvidas, os momentos difíceis, sentir-se deslocado dentro de si expressos de maneira desolada, sem resquícios de esperança ou alegria. Uma canção difícil de ser entendida, e mesmo interpretada, mas, mais difícil ainda, é não se identificar com sua letra.

02 Labirinto

Anjos com medo. Não saber se é noite, ou dia. O que temos em "Labirinto" é uma verdadeira poesia, ritmada com acordes simples que complementam engenhosamente o recitar de Lucca Kosta. O desepero de uma pessoa afogada em seus próprios pensamentos, que não enxerga, talvez não tenha, uma direção, um caminho, um mapa para seguir, para encontrar algo que a satisfaça e dê um sentido a sua vida.

03 Brincar no Inferno

"Brincar no Inferno" é uma canção diferente de todas as outras. Diferente, nesse caso, deve ser entendido como melhor. Com uma letra quase niilista, que expressa a fúria de uma linda criança inocente que sofre com o abandono de seu "pai" (entre aspas porque um pai não some da vida de um filho), a música é um retrato fiel da infânica de muitas crianças, que percebem não ter importânica alguma a seu "pai", que lutam, junto de sua mãe, de seus familiares e amigos, para suprir a carência de um progenitor desleixado, egoísta e insensível.

04 Lágrima

O canto de uma pessoa deseperançada, sem consolo algum, que tem como única companheira uma lágrima. Uma música sobre isolação, sobre um sentimento constante de vazio, algo pelo qual todos, ou a maioria de nós, já passou, passa ou passará na vida. O desquilíbrio emocional é marcante nessa canção, especialmente na parte em que "(...)a vida passa, e não passa a noite longa e sem estrelas(...)", afinal, perder a vida, os bons momentos, mas estar, em todo e cada um de seus segundos, na escuridão, sozinho, é um tormento que todos nós tememos.

05 Respiro

A faixa titulada "Respiro" é um paradoxo e, portanto, difícil de ser entendida, analisada e criticada. Sem dúvida, a obra prima deste álbum, melhor do que a melhor faixa, "Brincar no Inferno". Ao mesmo tempo em que é necessário respirar para pensar, quanto mais se respira, mais dor se sente e mais perdida estará. É incessante a vontade de respirar, até o momento em que o ar a sufoca, e, para todo o sempre, é abdicado de sua vida. Mas, não só a letra tem méritos, o breve solo de piano é emocionante àqueles que o ouvem com atenção.

06 Eu Sei

Entre o título da sexta canção e sua letra há uma relação ligeiramente antagônica. Enquanto é dito "Eu sei", é também expressa uma dúvida sobre quem sou eu, sobre ser quem não é, e não ser quem é. Uma música complexa, trabalhada com jogos de palavras que ora confundem, ora explicam os sentimentos expostos.

07 Canção da Despedida

Com o mesmo título de uma canção de Geraldo Vandré, a "Canção da Despedida" de Lucca Kosta aborda uma questão tão humana quanto sentimental. Sem sofisticar, como em "Respiro" e "Eu Sei", a letra desta sétima música poderia muito bem ser a trilha sonora do cotidiano das pessoas, pois narra um episódio consideravelmente comum da vida: romper um elo, seja ele deixar os pais para morar só, ou com o amor de sua vida, seja ele uma separação, o fim de um relacionamento. A simplicidade torna esta música inconstestavelmente linda, mais do que a homônima de Vandré.

08 Até Você Dormir

Assim que escutei a faixa-título lembrei-me de outra música que trata, de certa forma, do mesmo assunto, "Dorme Em Paz", da banda Ludov. O tema presente em ambas as canções é a própria canção, mas uma canção de ninar, daquelas que cantamos para nosos filhos, que antes foram cantadas para nós, e antes de nós para nossas mães, e que sempre serão cantadas. A diferença é que "Até Você Dormir", e também "Dorme Em Paz", são mais sóbrias do que as velhas canções, citando uma delas, a boa e velha "Nana Nenê".

por Guilherme Tassoni


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