segunda-feira, outubro 31

Nós, gatos, já nascemos nobres ;)


Estava aqui mexendo nas fotos e encontrei esta. Um dos poucos registros que fiz do musical “Gatos”, do qual fiz parte no corpo de ballet este ano. Quando um trabalho não me deixa satisfeita, não guardo muitos registros. Conheci gente bacana entre os atores, inclusive duas atrizes-mirim muito queridas. Mas o trabalho, em si, foi só prejuízo. Pensei que pudesse dançar direito com um joelho recém operado e outro por operar, conversei com o diretor, com a coreógrafa, parecia que estávamos nos entendendo... Mas não estávamos. A peça foi um grande desgaste físico, meus joelhos se arrependem até agora... :( Que o diga minha fisioterapeuta! Pelo menos ninguém reparou em nada. Na hora do esforço, eu respirava fundo e pensava comigo: “coragem, ninguém tem nada com seus problemas”, e fazia de conta que não existiam joelhos. Ao final, me sentia com 150 anos de idade.
Foi em maio. Meu CD estava gravado, o clip da primeira faixa estava na ilha de edição, havia um tempo de stand by, e, quando um colega da peça “A Autoridade do Desejo” me chamou para dançar em “Gatos”, achei que seria bacana trabalhar ao invés de ficar em casa esperando o tempo passar... Engano... Ao menos a experiência me amadureceu como pessoa, e teve as pessoas bacanas que já mencionei, reencontrei o Marcelino de Mirandha, que fez esse make-up... A peça não foi um sucesso. E, neste exato momento, o tempo que eu esperava passar passou. Daqui a pouco mais de uma semana, o clip estréia na MTV... Como diria meu saudoso Shanon Hoon...






...“keep on dreaming, boy, ‘cause when you stop dreaming you start to die!”




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luccakosta@luccakosta.com

sexta-feira, outubro 28

Jogaram minha mãe na maloca...

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Minha mãe “desapareceu” num fim de semana recente. Culpa minha, em meio a tanto trabalho, tanta correria, não arranjei um tempinho nem mesmo para telefonar para ela. Então ela encontrou uma “amiga”, digamos... peculiar. Alguém muito diferente da minha mãe, que não tem aquele fino trato, raro e até meio besta – dependendo do ponto de vista. A amiga estava acompanhada do respectivo namorado, um músico de bar – com todo o respeito a essa classe de músicos, que dão um duro danado – e saíram juntos para se divertir. Minha mãe, tentando não ser um peixe fora d’água, travestiu-se, com a ajuda da “amiga”, em uma figura adolescente, de jeans e camiseta, tênis (acho que ela mesma nunca teve um par de tênis) e... boné! Minha mãe, de boné! :S
Quando veio me contar sobre o fim de semana, parecia ter se divertido. Não achei ruim até ela começar a entrar em detalhes. Os lugares onde tinha ido, a maneira como se comportou. O “namorado” da “amiga” deu a ela uma aula básica sobre trejeitos que ele considera “descolados”. Minha mãe tentou reproduzí-los para mim, mas, em plena quarta-feira, três dias após o término do fim de semana, ela já havia perdido toda a prática. Ela fazia um gestual que lembrava alguma tribo primitiva, jogava as mãos na minha direção resmungando alguma gíria parecida com “eehhh, locoooo!!!”... Minha mãe...
Estranhei tanto que mal conseguia disfarçar... Ela disse, quase magoada... “Luccaaa.. não me olhe assim... eu me diverti...” ao que respondi: “Tudo bem, a mãe é você, eu sou a filha” e ela riu, aliviada. Mas me fez pensar... sobre o que ela me dizia quando eu era criança “cuidado com as más companhias”... será que ela tinha razão? Ou será que houve uma inversão de papéis e ela quer ser aprovada por um grupo de pessoas que não deveriam, necessariamente, servir de referência, segundo o MEU ponto de vista? Perguntei, ainda, “mãe, as pessoas não acharam estranho você se comportar assim, vestir essas roupas, mascar chiclete...” Ela respondeu, desapontada: “Sim... as pessoas pareciam assustadas comigo.”
Mamma... Você me colocou nas aulas de piano, me mandou para o colégio de freiras... se eu aparecesse em casa depois de um fim de semana com chiclete na boca falando “eeehhhh, locooo!!” você me deixaria de castigo, lendo “O Pequeno Príncipe” em francês, e em voz alta. Mas você é minha mãe. Não é meu papel situá-la em algum contexto... Se bem que agora entendi a frase...
"A gente sai da Suíça, mas a Suíça não sai da gente..."

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terça-feira, outubro 25

Music and life...

Hoje foi um dia de sair de casa cedo, fazer fisioterapia, ir à aula de ballet, voltar pra casa com preguiça de cozinhar, então fazer pipoca e assistir à MTV. Ainda agora estava prestando atenção no que dizia Negra Li, e me perguntando a razão de gostar dela mesmo não sendo nem um pouco fã do tipo de música que ela faz, nem tendo muito em comum com ela...
Gosto da Negra Li. Gosto de ver que ela é espontânea, sincera, e tem a mente aberta. Simpatizo com a humildade de alguém quando tantos artistas se dizem humildes enquanto cospem arrogância para todo lado. Negra Li está conhecendo a historia dos músicos de jazz, aprendendo sobre eles, e ficou impressionada com a dedicação que eles tinham à música. Ousou dizer uma verdade: não temos músicos assim no Brasil, que merecem tanto o sucesso, que sacrificavam até o sono, a saúde, para estudar música, para serem - de fato - bons. Tomara que ela faça bastante sucesso.
Pena que a gravadora não saiba o que fazer com ela. Não sabe se transforma todo esse potencial em uma cópia brasileira de Beyoncé, se ousa apostar no rap, se investiga melhor a linda força que essa mulher tem na voz, se investe as fichas na segurança da MPB (tomara que não façam isso com ela, tudo o que o Brasil não precisa agora é de mais uma cantora de MPB)...
Negra Li é real. Suas palavras dizem tudo: “Acredito em música de verdade”. Música de verdade, músicos de verdade... Como fazem falta. Ela tem personalidade para ser mais do que tem tido oportunidade, essa coisa de 'dupla' (?) pra gravar CD é uma atitude medrosa e mesquinha da gravadora. Ela é de verdade. Mostra quem é, não usa nenhuma máscara, adora Lauryn Hill, e, de que influência mais poderia precisar?
Gostei de assistir à MTV hoje, estavam lá alguns VJs que considero inteligentes, Penélope, Sarah, e meu conterrâneo Rafa.
Comentaram o referendo... Concordo com a Sarah. Foi irresponsabilidade um referendo feito assim, às pressas, sem o fundamental debate e o devido tempo para a reflexão. Sem debate não há reflexão, não há amadurecimento de idéias, não há como mudar nada. Tanto trabalho, pessoas entregando armas na recente campanha ao desarmamento, e a consulta popular termina em gol contra, com pessoas confusas e com medo. Vi gente inteligente defendendo seu ponto de vista com os argumentos mais infantis: “se o bandido pode eu também posso.”
Discussão (prematuramente) encerrada.

C’est l avie.


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segunda-feira, outubro 17

It takes 10 years or so...


“Leva-se dez anos para que algo aconteça da noite para o dia”...

Tivesse eu escrito esta frase da primeira vez que a ouvi... Dez anos... Parece muito tempo... Talvez tivesse desanimado. Toda vez que pensava em um número de anos que se passariam até que eu chegasse a um ponto, parecia muito tempo. Um ano parecia muito tempo... Como é irreal o tempo... Só existe se acreditarmos nele... Tivesse eu escrito aquela frase... Provavelmente teria esperado o tempo passar. E ele teria passado, e eu não teria feito nada. Então, ignorei a frase e me pus ao trabalho. Mais de dez anos se passaram, e nada acontece da noite para o dia. Tão claro... era isso que a frase significava!

"So long and good night."

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Me and a gun...

Tenho passado muito tempo sentada nos últimos dias. Internet, piano, internet, piano, internet, piano, internet, piano... soa divertido, mas tem sido só trabalho. Nos momento de pausa nas atividades... Tv, noticiários, noticiários, violência, filmes, violência, violência, referendo sobre o desarmamento... A qualquer hora do dia, ainda que por trinta segundos, alguém tenta me convencer: guarde o detergente no lugar certo e ele não matará você. Não beba detergente. Tome seus remédios conforme a prescrição e eles não matarão você. Guarde-os bem e as crianças não correrão riscos. Guarde bem suas facas. Só utilize as facas de cozinha na cozinha, para preparar o almoço. As facas de cozinha não matarão você se você não se cortar. Talvez não matem você nem mesmo se você se cortar. Mas podem matar seu vizinho. Não esfaqueie seu vizinho.
Então reflito... Não compro detergente para beber... não tomo mais remédios do que os que me são prescritos por um médico... não uso facas... Afinal, para quê fabricam os detergentes? Para que eu beba?
Não uso armas de fogo para lavar a louça. Não uso armas de fogo para a dor de cabeça. Não uso armas de fogo para fazer uma salada de frutas.
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Não quero convencer ninguém de nada. Mas me pergunto... onde estão as pessoas que querem tanto ter direitos? Direitos existem para que sejam exercidos. Porquê as pessoas que defendem tanto o direito não dizem “quero ter uma arma”. Só vejo pessoas dizendo “não gosto de armas, mas quero ter o direito de tê-las”... Será que elas realmente não gostam de armas?
Eu não gosto de detergente, mas quero o direito de tê-lo. Preciso lavar a louça. Eu não gosto de remédios, mas lesei um joelho por causa do ballet. São quatro cápsulas ao dia. Quando o tratamento terminar, a caixinha vai para o lixo. Quase não como carne, mas uso facas na cozinha. Elas ficam na gaveta.
Tenho poucas certezas na vida. Uma delas é a de que jamais pegarei em uma arma.
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É com tristeza que vejo decisões tomadas a partir de reflexões distorcidas.


"So long and good night."
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