domingo, julho 1

Solidão

Como vocês já sabem, sou do signo de câncer. E sou exatamente como qualquer descrição de almanaque do signo me traça. Acho que por isso sou tão sensível.
Hoje era para eu estar comemorando meu aniversário. Como já contei aqui, eu sempre gostei de comemorar meus aniversários. Mas este ano, não vou fazer nada. Cheguei a ensaiar uma comemoração com alguns amigos que insistiram um pouco, mas hoje, quase na última hora, cancelei tudo. Nem me reconheço com essa atitude...
Mas, de repente, não faz sentido comemorar. Já não me sinto confortável nesta casa para chamar os poucos amigos que restaram na cidade, já não me sinto próxima de ninguém, é uma solidão existencial completamente cinzenta.
Fiquei lembrando de como eu gostava de mimar as pessoas, as amigas, os namorados, de dar presentes, de ser carinhosa, de fazer supresas, e esperar pelas pequenas surpresas que eles me faziam nas datas especiais, ou quando simplesmente queriam me agradar.
Hoje estou aqui, me sentindo só e sentindo falta de reunir as pessoas e falar, ouvir música, dançar, dar umas risadas... Mas não quis sair pra comemorar... O que será que acontece comigo?
Acho que vou ter mesmo que fazer as malas e me mandar daqui. Embora eu fique adiando esta decisão e esperando as coisas mudarem por si, vou ter que tomar alguma atitude. Não dá mais pra encarar esta cidade. Se é pra eu me sentir sozinha, se é pra estar longe dos amigos, se é pra ter uma vida com muito trabalho e sem romance, que seja, então, com alguma esperança, com alguma mudança, com uma virada de página, com uma nova chance pra tudo.
Só minha música ainda permanece. E vai permanecer. Mas posso levá-la comigo para onde eu for.
Então, respirar fundo, dar ou vender o que já não uso, planejar um pouco (mas sem esquecer de colocar os planos em prática) e tomar coragem para deixar pra trás o que não deu certo, me desapegar o passado, sem temer o futuro.
Viver com medo é viver pela metade. E viver pela metade é quase tão chato quanto meramente existir.



Sussurros



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