quinta-feira, fevereiro 1

A Vingança no Semáforo

Meu day off foi uma beleza. Fiz tudo o que prometi ontem, e ainda dei sardinha para o gato agora há pouco, por ele ter se comportado tão bem na minha ausência . ^^


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Hoje aconteceu uma coisa inusitada. Sabem aqueles moleques (às vezes são marmanjos mesmo) que ficam no semáforo vendendo balas? Não é irritante quando eles colocam um pacote de balas no seu espelho retrovisor e saem andando e fazendo a mesma coisa com todos os carros da pista, e depois, quando o semáforo abre, você não pode ir embora porque ele tem que voltar tirando os pacotes de bala de cada um dos 25 carros onde ele colocou, e, talvez um deles tenha resolvido pagar um real pelas balas, e aí o moleque vai se enrolar tanto para chegar ao seu carro que você pensa que o semáforo vai fechar outra vez?



[Note-se: longe de mim criticar uma condição social que não se escolhe. Ser pobre e tentar ganhar a vida vendendo balas não tem nada de errado. O problema, é claro, é bem maior do que esse. Pena que isso esteja tão banalizado, que já virou uma instituição. Somos obrigados a ver o moleque deixando balas no nosso retrovisor, temos que pagar para deixar o carro na rua, e dar esmolas contra nossa vontade, porque isso já virou um costume tão forte que não existe mais livre-arbítreo. E muitas crianças estão crescendo nesses semáforos, achando que nasceram para pedir esmolas, e que quem dá esmolas nasceu para lhes dar esmola, e não há nada melhor que elas possam fazer com suas vidas. É uma pena mesmo.]


Voltando ao episódio... Eu, como muitas pessoas que se sentem assaltadas por pessoas que pedem esmolas, que insistem que você deve pagar para que elas fiquem olhando para o seu carro (entre outras formas de manipulação da sua emoção, em busca de uns trocados), sempre fantasiei com o dia em que não teria dó e arrancaria o carro com o pacote de balas pendurado no retrovisor, só para fazer um desses moleques saber que não pode ser tão abusado. Mas é claro que eu não faria isso de propósito. Prefiro ficar irritada com a atitude deles, que não posso mudar, e depois de dois minutos, esquecer o assunto.


Até que hoje, no carro, conversando com a mamma, falando sobre milhares de coisas, parei no semáforo e, distraída com a conversa, nem sequer reparei que um moleque colocou um pacote de balas no meu retrovisor. Quando o semáforo abriu, saí com o carro, e continuei meu trajeto. Nem sei em qual semáforo colocaram as balas lá. Mas, quando virei, em uma esquina, percebi as balas penduradas, e falei: "Mãe! Olha só o que tem ali!" Ela olhou, e, também se dando conta de que nem viu as balas serem colocadas lá, caiu na gargalhada. Ela disse: "Vamos voltar e encontrar o dono das balas." Respondi: "Sim, claro, mamma! Melhor ainda, vamos comprar o lote inteiro de balas dele."


Quando dei por mim, havia me vingado sem me dar conta. Esse tipo de vingança é muito divertido. Porque foi sem querer. Eu não podia voltar, pois não saberia para onde. Além disso, é claro que eu não ia voltar. Tenho mais o que fazer. Só voltaria se fosse para ele me pedir desculpas por esquecer suas balas horrorosas no meu retrovisor.


Esse foi meu pequeno acontecimento inusitado de hoje. Estou devendo um real para algum vendedor de balas de Curitiba. E ele me deve desculpas por não ter tirado as balas de lá. Então, estamos quites. Só que, dessa vez, quem ficou irritado foi ele.


:p







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