{Here I come...}
Nem sei quantos anos eu tinha quando comecei a estudar música. Cinco, seis... piano, coisas clássicas.

Fui crescendo e adquirindo meus próprios gostos... Sim, conheci música pop através da TV e do rádio. E foi por causa da música pop e do Rock que percebi que podia fazer música sem ficar sentada em um banquinho sendo regida por um maestro.
Portanto, não é uma crítica a esses meios de comunicação. Que bom que existem.
Mas como vendem mal, vendem tanta coisa ruim, e criam uma ‘dependência química’ em alguns artistas, que batalham mais para estar no rádio e na TV do que para se aperfeiçoarem em escrever boas músicas, cantar bem, tocar bem, ter satisfação pessoal no trabalho que escolheram... Bons artistas escravizados pela necessidade de provar, em números (de execuções na rádio, de aparições na TV, de vendas de CDs prensados) o quanto são ‘comercialmente viáveis’. Se são bons, isso não é o mais importante. O que importa é estar na lista das mais executadas da semana. As grandes porcarias que vão sendo repetidas semanalmente porque deram uns pontos a mais no ibope quando não havia outra alternativa na TV aberta que fizesse o ibope cair para aquele canal.
Era domingo, a família não tinha grana pra sair, deixou a TV ligada, e o ibope registrou. No outro domingo, lá estava, de novo, a dupla brega, e o grupo de ET’s de cinta-liga, corpete pink e botas brancas... é um mundo bizarro esse do entretenimento de massa...
Afinal, porquê escolhi fazer música? Pela música, por mim... em primeiro lugar. Arte, eu, eu, a arte... acho que é a resposta é essa, não é? Até pouco tempo atrás, quando você via algum artista emergente sendo entrevistado, as perguntas eram sobre música e sobre ele. Arte e artista. Isso era o que queríamos saber. Agora parece que tudo tem que ter respostas pré-concebidas e comercialmente viáveis.
A música tem que ser comercialmente viável, o artista tem que ser comercialmente viável, e isso é a primeira preocupação. Não a arte, não o artista. O “comercialmente viável”. [! :0]
Bizarro...
Sei lá... acho que tudo é comercialmente viável.
É uma questão de investimento, e de mente aberta.
Só porque a TV e o rádio são mídias imediatas, que medem resultados com base em dados imediatos, não significa que eu preciso concordar que o grupo de ET’s de cinta-liga é bom, já que deu vários pontos no Ibope no domingo, e por isso, voltou a aparecer na TV no domingo seguinte...
Como artista, e como pessoa, me recuso a pensar tão pequeno.
E me recuso a discutir 'sucesso' sob um ponto de vista puramente comercial.
O que é sucesso? Vender discos, tocar no rádio, aparecer na TV? Então, não é isso que estou buscando. Pra mim, isso não é sucesso.
Sucesso é uma energia boa. É o percurso, não o destino. Faço o que sei fazer e me dá prazer. Faço música. Quando comecei a mostrar minha música por aí, tocando e cantando, quando gravei, esperava que as primeiras pessoas que ouvissem me dissessem o que sentiram, se gostaram. Algumas até fizeram isso.
Mas aqueles que trabalham com ‘produção artística’ (no sentido ‘comercial’) teciam

Me dar a receita para tocar na rádio? Eu passo, obrigada.
Porque isso não é opinião!
Até o executivo de uma gravadora com quem cheguei a conversar, ainda no primeiro contato, por telefone, já veio com ‘a primeira coisa é colocarmos a música na rádio’...
Detalhe: ele nem tinha ouvido as músicas. Já sabia em que rádio iria colocar, mas não tinha ouvido o CD.
Admiro o trabalho desse cara, porque é um trabalho assim, de colocar um rótulo e enfiar em uma prateleira. Admiro, sim, e respeito.
Mas ele não trabalha com música. É apenas um comerciante. Por isso, deve ganhar muito dinheiro. Eu não ganho muito dinheiro, e isso é o que menos importa pra mim. Se dissessem ‘deixe de fazer música pelo resto da vida, nunca mais toque nem cante nada, e eu vou pagar a você muito dinheiro apenas por isso’, eu nem pensaria em aceitar. Assim como não aceito ser o que não sou.
Porque eu sou artista.
Faço música, e minha existência é basicamente isso.
“Even flow, thoughts arrive like butterflies...”
Escreva pra mim!
luccakosta@luccakosta.com
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