Acho engraçado quando as pessoas ficam tão indignadas com coisas como o lançamento do filme “Turistas”, de John Stockwell. O Jornal Nacional (e todos os outros) mostra todos os dias notícias chocantes e absurdas, que são a mais pura realidade. Essas mesmas notícias viram notícia ao redor do mundo. Quando temos uma imagem de um país aterrorizande diante de americanos bobos e medrosos, achamos uma ofensa. Eu mesma já fiquei deprimida e com pequenos surtos de pânico uma vez, e um psicólogo disse para eu parar de ler notícias e assistir TV por uns dias. E quando alguém que mora no Rio de Janeiro vem pra cá, fico perguntando como é viver com medo de bala perdida, assalto, tráfico de tudo quando é coisa. Não é preconceito. É o medo, instinto natural.
Existe um livro chamado “A Cultura do Medo”, de Barry Glassner, que defende que as coisas não são tão terríveis como a gente lê nos jornais ou vê na TV, mas que a humanidade está desenvolvendo seus medos até um nível absurdo, graças à riqueza de detalhes e produção com que as notícias nos são passadas. O autor fala algo como a violência ter tido um aumento de 20% em um século e as notícias sobre violência terem aumentado em 600%. Minha imagem dos americanos é de que são uns comilões branquelos que usam camisas largas e coloridas e que não sabem nada sobre o Oriente Médio e pensam que no Brasil se fala espanhol e se dorme com os macacos. A imagem que eles têm de mim é de que moro em uma favela, falo espanhol e só tenho olhos azuis por alguma anomalia que sofri. Imagem é uma coisa que se constrói. Muita coisa é real, muita coisa é distorcida. Se nossa imagem lá fora está tão ruim, e isso não vem de hoje, a culpa não é de um filme, nem dos Simpsons.
Não dá pra negar que o Brasil combina muito com essa imagem. Duvido que o filme me assuste mais o que os jornais. Vamos tentar melhorar nossa vida, nosso país. Não por causa da imagem que temos para os americanos, mas pelo nosso próprio bem, e dos filhos que teremos um dia. E chega de patriotismos furados. Um Brasil que reelege corruptos, vota favoravelmente às armas e se conforma com a miséria não pode ficar tão ofendido assim.
Façamos um filme sobre como os americanos pensam que podem comprar tudo. Um carro novo é a mesma coisa que um bebê. Você vai ao banco de esperma e pronto. Não há diferença moral entre as duas coisas. Quem tem compra, e quem não tem, não compra. Podíamos falar longamente sobre isso.
Mas eles têm consciência. Vejam como Homer Simpson chega à praia com aquela camiseta do Tio Sam. Eles sabem a imagem que têm também. E não negam.
E viva a liberdade de expressão!
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